16 de julho de 2010

Congresso aprova divórcio direto

Aparentemente, a partir do dia 14 de julho de 2010, entrou em vigor a emenda constitucional que "elimina a exigência de separação judicial prévia para obtenção do divórcio. A nova legislação deixa os recém-separados imediatamente desimpedidos para novos casamentos", segundo artigo publicado no Estadão

Na lei antiga, um casal que decidisse se separar não teria direito ao divórcio direto. O divórcio só era concedido após um ano de separação judicial ou após dois anos de separação comprovada, ou seja, se o casal conseguisse provar que não conviviam mais juntos. Pela nova lei, apenas casais sem filhos têm direito de requerer o divórcio direto. Os que possuem filhos, devem passar pelo processo longo e burocrático antigo.

Outro ponto que será extinto também nas novas regras é a questão de existir um culpado para o fim do relacionamento, ou seja, acabará a palhaçada maniqueísta de culpados versus vítimas. No fim das contas, no fim de um relacionamento, todos são responsáveis pelo relacionamento. Talvez com estas novas regras, diminua o número de pessoas que fazem do fim de um casamento um "negócio da china".  

Algo a ser destacado também nesta nova emenda é o fato do Estado diminuir sua interferência na esfera das relações pessoais. O divórcio direto antes não era permitido porque o Estado colocava a manutenção da família em primeiro lugar, ou seja, o período de um ano de separação judicial serviria teoricamente para o casal "ver se era isso mesmo que queriam". Livre arbítrio para que, né?

Para saber mais sobre a aprovação da emenda, leiam o artigo publicado no Estadão e informem-se. Se você, caro leitor, está prestes a se separar, pode ser que nem precise passar pelo processo de separação judicial.

Dez coisas que você não deve fazer ao terminar um relacionamento

Esta semana um amigo meu, o Eddie, me passou o link para este vídeo, pensando em partilhá-lo com os leitores dos Descasados. O vídeo basicamente traz dez situações que envolvem formas esdrúxulas de como (não) terminar um relacionamento. Dizer que vai sair para comprar cigarros ou que vai se mudar com  a tartaruga para outra cidade não vale! Bom, assistam e curtam esta pérola de como sair pela tangente e entrar para o rol dos términos de relacionamento surreais.

13 de maio de 2010

"Causos" dos Descasados: A planilha

Os "causos" dos Descasados são aquelas histórias que ouvimos da boca de um ou de outro no ponto de ônibus, numa mesa de boteco, enquanto assistimos a uma partida de bilhar, no aconchego do trabalho, na fila do mercado, do banco ou da farmácia e que eu ultimamente venho colecionando para recontar, com licença poética, claro. Já que não estava lá para ver e "quem conta um conto sempre aumenta um ponto", já peço desculpas ao leitor se não for fiel a todos os pormenores dos fatos, mas tentarei assim mesmo contar o "causo"! E quem nunca ouviu uma história escabrosa de separação? Não precisa ser fim de casamento não. Separação, de um jeito ou de outro, é sempre a mesma coisa e traz algum dano, seja psicológico ou financeiro. No caso do protagonista do nosso "causo" de hoje, acredito que os danos foram duplos, amplos e irreversíveis!



Já que não conheço os envolvidos, darei a eles os nomes de Zé e Maria. Os dois se conheceram por aí, em uma manhã, tarde ou noite de uma estação do ano qualquer. Maria era o tipo de mulher que o Zé entortava a cabeça para olhar, perdia as estribeiras e suava as bicas quando a via chegar. Maria se engraçou pelo olhar de peixe morto do Zé e eles acabaram um dia ficando. De ficar começaram a namorar, de namorar resolveram a morar juntos, juntar os panos e as escovas de dente, as contas e as reclamações em relação aos vizinhos chatos, que não entendiam que todo início de relacionamento é pontuado por aquela chama ardente, que envolve os corpos e faz a cama, objeto inanimado, ganhar uma sonoridade esquisita a qualquer hora do dia.

Os dois formavam um casal como outro qualquer. Chamavam-se através de apelidos melosos e no diminuitivo. Ele era seu chuchu, ela era seu bombonzinho. Saíam juntos, frequentavam restaurantes e de vez em quando, mesmo tendo a casa para o aconchego das carnes, ela sugeria "meu bem, vamos a um lugarzinho diferente hoje?". Ele a adorava. Tão carinhosa, tão chameguenta... A única coisa que o Zé estranhava era a obsessão que a mulher tinha em sempre que chegava em casa, depois de uma saída, ligar o computador e abrir a planilha do Excel. "Meu bem, o que é que tanto você anota nesta planilha?". "Ah, meu amor, eu paguei caro meu curso de informática. Por isso não posso perder o treino". Acreditando que a mulher só era acometida por um leve Transtorno Obsessivo Compulsivo, o Zé logo esquecia da esquisitice da Maria.

Um dia, no entanto, a Maria falou para o Zé que precisava de uma quantia para inteirar o valor de um carro, que ela pensava em comprar. O Zé, dispondo do dinheiro na conta, emprestou à Maria. A mulher neste dia fez um cafuné mais longo no namorado, agradeceu o mimo e, no dia seguinte, comprou finalmente o automóvel.

Tempos depois, a Maria começou a ficar esquisita, distante, cada vez mais anotava coisas na planilha do Excel, tinha mais enxaquecas do que um ser humano com traumatismo craniano, até que, por fim, resolveu pegar sua mala e deixar o Zé de vez. O encanto acabou, os sinos celestiais já não eram ouvidos, e lá se foi Maria para nunca mais voltar.

Zé passou vários dias cabisbaixo, deixou a barba crescer pois nem tinha forças para levantar o seu aparelho de barbear, bebeu, passou dias sem tomar banho, entornou latas e latas de leite condensado, até que acordou num sábado decidido a começar a vida na segunda-feira. Iria esquecer Maria, cair na farra e jurou nunca mais amar outra mulher, as mesmas promessas que havia feito nos 5 relacionamentos anteriores, quando tudo acabou. No entanto, havia uma pendência entre ele e a ex, que nada tinha haver com corações partidos e músicas bregas. Maria lhe devia dinheiro e ele agora iria cobrar.

Decidido, barbeado, besuntado de hidratante, Zé marcou um encontro com Maria para uma última conversa. Ela relutou, disse que não tinha mais nada para conversar com o rapaz, mas aí ele sutilmente disse que algumas de suas fotos, vestindo apenas uma calcinha comestível daquelas bem bregas, iria parar na internet, se ela não comparecesse ao encontro. Horas mais tarde, aparece a moça. Zé foi curto e grosso, certeiro como uma topada no pé do sofá: "Quero meus 15 mil de volta". "Como?". "Quero meus 15 mil de volta, o dinheiro que te emprestei para comprar o carro". "Ahn, você está falando dos 2 mil que eu te devo, né?". "Não, minha cara, são 15 mil. Eu tenho o comprovante de depósito". "Olha, desculpe, são 2 mil pelas minhas contas". "Mas, mas, mas, como assim?". Neste momento, Maria saca de dentro de sua maletinha rosa alguns papéis e entrega para o Zé. "Dê uma olhada". "O que é isso?". "Isso, meu amor, é a relação de todos os gastos que tive com você ao longo do tempo que passamos juntos. Contas, motel, camisa de marca, perfume importado que te dei, seu jantar de aniversário...". "Você é louca?!!!". "Não, sou prevenida". Lá estavam, devidamente calculados, em uma planilha de Excel, todos os "gastos" que a Maria havia tido com o Zé naqueles meses. Ele em choque. Maria triunfante. "Pode conferir. Tá tudo aí. Só te devo 2 mil". Antes que o rapaz, ainda atordoado, como se uma manada de búfalos no cio tivesse passado por cima dele, dissesse alguma coisa, Maria desferiu o último golpe, sem precisar nem de adaga, nem da espada de Excalibur. "São 2 mil e te pagarei em 3 vezes sem juros. Ok? Adeus e boa tarde!". E saiu, balançando os cabelos recém escovados, acreditando que as aulas de informática valeram sim a pena.

Os Descasados

9 de maio de 2010

DVDteca dos Descasados: Descasada

A dica de hoje da dvdteca dos Descasados é o filme Descasada (The Starter Wife), estrelado por Debra Messing, que trabalhou em filmes como Quero ficar com Polly e em séries como Will e Grace.


O filme, lançado em 2007, conta a história de Molly Kagan (Debra Messing), uma socialite que vê todas suas regalias serem cortadas, depois que seu marido, um magnata de Hollywood, resolve trocá-la por uma mulher mais jovem. Entre uma desventura e outra, Molly usa seu bom humor para conseguir se reestruturar e seguir a vida.


O impulso que Molly recebe com o fim do casamento acaba sendo positivo e a faz viver de uma forma mais autêntica, diríamos assim. O estímulo que a personagem recebe para buscar seus próprios caminhos, em vez de simplesmente desfrutar da posição que ocupava, faz com que ela descubra aos poucos que tem condições de se virar sozinha. Se por um lado, o filme traz a mensagem embutida de superação, por outro, mesmo timidamente, acaba tocando em pontos como casamentos baseados em contratos sociais e não no sentimento que une as pessoas. Molly tinha regalias garantidas com o casamento e seu marido tinha praticamente uma peça de vestuário para eventos sociais, que era sua esposa. No fim das contas, não há vítimas quando infelizmente um casamento é estruturado no que um pode oferecer ao outro, deixando o amor em segundo plano.

Fica a dica então do filme Descasada, uma comédia romântica para tardes chuvosas de sábado!



6 de maio de 2010

Casais que se separariam na literatura se os autores terminassem de contar a história (Parte II)

Todos nós sabemos que escrever um romance e transformá-lo em um cânone da literatura não é para qualquer um. Muitos tentaram, poucos conseguiram! Imortalizar personagens, torná-los referência é missão digna de heróis como Chuck Norris, Jack Chan, Macgyver e hoje o Jack Bauer, especializados na arte milenar do chupar cana e assoviar ao mesmo tempo. Apesar de nossos heróis contemporâneos conseguirem socar tubarões e construir shopping centers com uma casca de banana e uma caneta Bic, nada se compara à difícil arte de criar personagens que atravessarão o tempo e te encherão o saco nas aulas de literatura.

Apesar de nossos autores funcionarem quase sempre como um misto de cupido, padre ou juiz de paz, juntando nas páginas dos livros os casais amorosos até que a morte os separe, a história nos dá sempre brechas para descobrir quem consegue ser resiliente e ir até o fim ou quem pula do barco, antes mesmo que este afunde, sem levar em conta mulheres e crianças. Se o barco tiver complexo de Titanic, sem dúvidas irá a pique.

Dentre os casais que cuidadosamente selecionei e que nem por intervenção divina conseguiriam ficar juntos, caso seus criadores não tivessem dado um jeito neles antes de acabar a história e vê-los imersos na rotina diária, estão:


  • Peri e Ceci: O casalzinho, criado pela mente obcecada do José de Alencar, que resolveu antecipar em sua literatura a moda da trilogia, com O Guarani, Iracema e Ubirajara, é composto por um índio, o bom selvagem Peri e a mocinha loira, frágil e delicada, Ceci. O índio, já pra lá de catequisado, vê em Ceci a imagem da virgem Maria. Ceci vê no índio devoção e muita pele exposta. Os dois até que chegaram vivos ao fim da história depois de uma enchente, mas não dariam certo se Alencar resolvesse contar o que aconteceu depois da terra secar e deles descerem da árvore, onde ficaram esperando a água baixar. O casal não ficaria junto por causa exclusivamente de Ceci. A garota, moça de família, virgem de todos orifícios e imagem-semelhança da virgem Maria, não havia sido instruída pela sua mãe sobre os deveres de uma mulher na noite de núpcias. Atrás das moitas, sem champagne, lareiras e pétalas de rosas, Peri mostraria a Ceci sua lança de herói medieval tupiniquim. Ceci, assombrada e sem saber o que fazer com aquilo, sairia correndo pelas matas fechadas, até cair em um buraco cheio de areia movediça e morrer sufocada,. Enquanto isso, Peri fundaria a nação brasileira com uma degradada qualquer que viesse de Portugal, entocada nos parões de algum navio;

  • Zeus e Hera: Diretamente do Monte Olimpo, temos este casal, que atravessou o tempo e ainda é lembrado nos dias de hoje. Hera e Zeus eram irmãos e se casaram no tempo que incesto era considerado algo banal. Todo mundo casava com irmão, seduzia a mãe, era uma verdadeira orgia a céu aberto. Depois, a culpa cristã chegou e na Idade Média eles ficaram esquecidos por um tempo, voltando só depois no Renascimento. Zeus e Hera, apesar de serem deuses poderosos, eram acometidos pelas mesmas falhas humanas. Zeus era um galinha, que colecionava amantes em cada esquina da Terra e Hera se comportava como toda mulher traída, sendo deusa ou mortal... Subia nas tamancas, dava escândalo, perseguia as amantes do marido, fazia greve de sexo, mas não admitia o divórcio. No caso deles, separação seria difícil. Nenhum dos dois abriria mão dos confortos do Olimpo e da ambrosia, logo viveram infelizes para sempre, separados em casa, unidos apenas pelos laços do matrimônio. Dizem que até hoje Zeus se fantasia de animais e procura mulheres adeptas da zoofilia, enquanto Hera assiste as reprises de Desperate Housewives;
  • Bentinho e Capitu: Em Dom Casmurro, Machado de Assis resolveu não perder tempo e já deu cabo do casal, antes mesmo que a relação se desgastasse ainda mais. A história ficou famosa e é referência até hoje porque ninguém sabe se Capitu realmente transformou seu adorado Bentinho em um alce, traindo-o com seu melhor amigo, Escobar. Ninguém sabe se: Capitu resolveu dar uma variada no cardápio; se Bentinho assistiu demais o Sexto Sentido e começou a ver coisas demais; se Escobar e Bentinho eram mais que grandes amigos, enfim... "há mil maneiras de se preparar Neston... invente uma!". Ninguém sabe, ninguém viu. O que se sabe é que o casal não daria certo, mesmo que o Machado de Assis resolvesse dar outro fim à história, não causando assim tanto estardalhaço, o que obviamente não tornaria o romance um cânone de nossa literatura. O que sabemos é que de um jeito ou de outro, Bentinho, tendo razão ou não de sua desconfiança, acabaria com o casamento por causa da insegurança, o que geraria discussões intermináveis, noites dormidas no sofá, muita música sertaneja, entre tantas manifestações de descontrole emocional. Não tem jeito. Este casal foi fadado, na literatura universal, a pegar cada um o seu caminho. 




DVDteca dos Descasados: Antes só do que mal casado


A dica de hoje dos Descasados é o filme Antes só do que mal casado, uma comédia romântica típica dos irmãos Farrelly, responsáveis por outras comédias como Quem vai ficar com Mary?, O amor é cego, Debi e Lóide, entre tantos outros. Mais uma vez os Farrelly trazem Ben Stiller como protagonista da trama. O filme é de 2007 e facilmente vocês encontrarão à venda ou em locadoras.

 O filme conta a história de Eddie, um solteirão de 40 anos, que, depois de ver sua ex-noiva casar e ser pressionado por todos os amigos, inclusive por seu pai, um exemplar raro da breguice instaurada, ele acaba por se casar com Lila (Malin Akerman), uma bela mulher que ele conheceu durante um suposto assalto.

De doce, simpática, equilibrada e independente, Lila, durante a lua de mel no México, começa a dar mostras evidentes de que Eddie entrou numa roubada daquelas! Da cantoria desenfreada ao rol de esquisitices da moça, os sinais de que o rapaz fez besteira são mais do que evidentes.



Apesar de não ter sido um dos melhores filmes dos Farrelly, Antes só do que mal casado vale por abordar, de forma humorada, as consequências de uma escolha precipitada. O casal, que resolveu partir para o matrimônio depois de apenas 3 semanas juntos, sem conhecer profundamente as particularidades de cada um, funciona como a representação de tantos casais, que só descobrem as incompatibilidades na vivência a dois e quando a sentença "até que a morte os separe" começa definitivamente a pesar!

 

29 de abril de 2010

Sinais de separação



Quando um casal já está mais pra lá do que pra cá, quase cruzando o Cabo da Boa Esperança e quando esta, a esperança, se debate, esperneia, nada "cachorrinho" até finalmente afundar e "glub glub", a separação acontece. Muitos casais preferem ignorar os sinais, mesmo quando eles aparecem no meio de uma plantação de milho, como naquele filme do Mel Gibson. Os sinais geralmente nunca são discretos, mas o ser humano sempre cria mecanismos para não enxergá-los, como amnésia seletiva, problemas cognitivos e cegueira coletiva.

Os sinais de separação à vista sempre são mais evidentes para os outros do que para o próprio casal. Os amigos chegam e reparam que há um estoque de neosaldina pulando dos armários. Os banhos do homem ficam mais compridos e a mulher esquece da depilação. O homem passa horas em frente ao computador e a audiência das novelas aumenta. 

Um casal que perde o interesse no casamento se "embaranga". O homem cultiva uma barriga de chopp, a mulher vive de lenço no cabelo, inspirada nos episódios do Chaves. Honesta foi a Dona Florinda, que já se apresentou ao Professor Girafalez com a cabeça cheia de bobbies, para já deixar claro ao pretendente o que o esperava.

Quando um casal está prestes a se separar, não pedem mais por favor à mesa. O saleiro voa, o feijão passa rosnando de mão em mão e nem obrigado se diz. Ele não a surpreende mais com um Sonho de Valsa, um ramalhete de flores ou um saco de tangerinas. Ela não faz mais para ele o prato preferido ou a sobremesa , que aprendeu no programa da Palmirinha Onofre. Ele joga videogame, ela joga água nele para acordar pela manhã. Dormir de conchinha agora é passado distante. Agora é bunda com bunda, ronco e nem boa noite. Antes assistiam juntinhos A Lagoa Azul, agora assistem "A vida como ela é" e balançam a cabeça, achando o Nelson Rodrigues um dos profetas do apocalipse. Sim, eles agora acreditam no Apocalipse e não haverá fogo, nem anjos esquisitos com cornetas, mas advogados, um juiz carrancudo e papéis a assinar. Nesta hora eles acordam suados, com os pescoços grudentos e gritando de susto! Os sinais  realmente estão todos lá, grandes, indiscretos, visíveis a olho nu, exatamente como naquele filme do Mel Gibson, mas obviamente sem os E.Ts.

Os Descasados

27 de abril de 2010

Festa do divórcio


Como já havia dito, os descasados são necessários para a manutenção da economia das cidades! Alguma novidade sempre aparece para atender este mercado promissor! Os britânicos, por exemplo, sacaram que as doceiras e boleiras não vivem só de festas de casamento! Havia um mercado novo ali piscando, como um daqueles letreiros bregas de neon: as festas de divórcio!

As festas de divórcio começaram a acontecer para celebrar ou exorcizar o fim de um relacionamento que não deu certo. Por mais que muitos achem que a iniciativa é de um tremendo mau gosto, acredito que é uma forma de lidar com o fim de uma forma mais leve, bem humorada e menos rancorosa.


Para quem tem dinheiro sobrando, é uma opção para reunir os amigos depois de assinar a papelada. É como se fosse a recepção depois do fórum! Bolo, Prosecco e um brinde a uma nova vida!


Apesar das festas de divórcio já terem chegado ao Brasil, a prática ainda está muito restrita ao eixo Rio-São Paulo. Logo, descasados dos outros estados, animem-se e divirtam-se escolhendo a melhor forma ou o melhor bolo para comemorar o pé na bunda que você deu ou até mesmo o que você recebeu! Tin, tin!


26 de abril de 2010

Separação de bens

 (Fonte da imagem)

O casamento chegou ao fim. Ele de um lado, ela do outro. Ele com um sabre de luz, ela com um caderno de anotações com todos os itens listados para mais uma DR (discussão de relação), para não esquecer de falar nada. Hora de lavar a roupa suja, de distribuir ofensas e dividir os bens. Um dia eles foram "meu bem", agora é "meus bens" pra cá, "meus bens" pra lá... Típico!

O momento da partilha de bens nunca é amigável. Neste momento, a civilização é palavra em desuso no léxico, as estribeiras são perdidas e não é raro vermos um casal antes tão Homo Sapiens se tornarem uma dupla de Neandertais. Finésse pra quê? Assistir de longe a uma partilha de bens é como ver uma briga de leões por um naco de carne. Dá medo e alguém sempre sai com um olho roxo!

"A casa é minha". "O carro é meu". "Ei, a casa é nossa!". "Cadê a serra pra dividir o cachorro?". "O cachorro morre se dividir ao meio, sua besta!". "Dá esta cafeteira pra cá!". "Os livros de arte são meus!". "Pra que você quer livros de arte? Pra combinar com as cortinas?!!". "A cama é minha!". "O sofá é meu!". "As dívidas são suas!". "Epa, peraí!!!".

Dia de divisão de bens é dia de circo! Vemos, ao longe, os vendedores de cachorro quente, pipoca e cerveja barata se aglutinarem. Antes, aquele simpático casal, que se tratava por apelidos melosos e sempre no diminuitivo, como gatinha e pombinhos, agora apela para animais maiores. "Sua vaca!". "Seu, seu... jumento!". "Opa, dependendo do ponto de vista, ser jumento é legal!". "Touro!". "Cobra!". Tssss.

"A casa é minha, eu já disse!". "A casa é nossa! Você tem problemas cognitivos?". "Na próxima, caso com separação de bens!". "Quem é que vai querer casar com você, criatura?". "A tv é minha!". "A coleção de discos do Roberto Carlos é do meu pai. Tira a mão!". "Devolva minhas calcinhas!". "Só se você devolver meu dvd do Almodovar!". "Dois pratos pra cada!". "Dá essa lâmpada aqui!". "Metade das moedas do porquinho é de propriedade minha!". "Você nunca pôs uma mísera moeda naquela joça!". Telecath, meus caros! Telecath! Só falta mesmo os trajes colados!

Em dia de separação de bens, nem o Rei Salomão, com toda sua sabedoria, daria jeito no embate. Se ele sugerisse mesmo dividir o cachorro ao meio, na certa os dois sacariam suas serras e logo veríamos o pobre poodle partir desta pra melhor. Em dia de separação de bens, a humanidade dá dois passos para trás na história da evolução, a dignidade vai dar uma volta e se perde no caminho. Em dia como esses, sempre um dos dois pensa "farinha pouca, meu pirão primeiro", saca a tigela do bolso e o outro, segundos depois, vai parar no pronto socorro pra levar uns pontos na cabeça!

19 de abril de 2010

DVDteca dos Descasados: O amor custa caro


A dica de hoje da dvdteca dos Descasados é a comédia romântica O amor custa caro, filme dirigido por Joel Coen, lançado em 2003, que conta com a participação de George Clonney e Catherine Zeta-Jones.

O filme conta a história de Miles Massey (Clooney), um advogado especializado em divórcios. Todos os casos mais cabeludos acabam, invariavelmente, caindo em suas mãos, mas como em casa de ferreiro o espeto é de pau, o advogado acaba caindo nas graças de Marylin Rexroth (Zeta-Jones), uma bela mulher que se especializou em casamentos rentáveis, cujo último marido (ou última vítima) é justamente um cliente de Massey.



Apesar de ser uma comédia romântica, que tenta trazer leveza a um assunto deveras delicado, o filme acaba colocando em foco uma configuração de relacionamento, que prioriza as relações monetárias ao sentimento que teoricamente deveria prevalecer em uma relação: o amor. Traduzido no Brasil como O Amor custa caro, o filme que originalmente leva o título de Intolerable Cruelty, carrega, por trás do riso que visa despertar, o lado melancólico da temática. 

Para quem não assistiu ao filme, fica a dica. Como uma comédia romântica, o assunto não é tratado em profundidade, mas vale a pena fazer uma pipoquinha e assistir em uma tarde de domingo, em vez de ver o Faustão.

Os Descasados